Encrespadas, sim! gostamos deles bem assim!
pensando relações étnico-raciais em espaços educacionais e a literatura como afirmação de identidades negras.
DOI :
https://doi.org/10.5216/rir.v18i3.69718Résumé
Chimamanda Ngozi Adichie chama a atenção para o perigo de uma história única no conhecido discurso proferido no TED Talk e lançado como livro no Brasil em 2009. Este trabalho fala da história única apresentada pela nossa narrativa oficial, a história que contam, oficialmente, sobre a nação brasileira e que contempla perspectiva única, a eurocêntrica. Isto quer dizer que as memórias que são enquadradas para nos contar são as do branco colonizador e de seus descendentes. Ficam de fora desta narrativa, portanto, toda a resistência e influência cultural não-branca presente na história do Brasil. Como sugere Michael Pollak (1989), estas memórias não enquadradas oficialmente são mantidas na subterraneidade, isto é, existem entre grupos que não estão no poder, o que não quer dizer que não possam vir à tona, ocupando lugar nos discursos oficiais em momentos oportunos. É o caso dos movimentos negros e sua influência na promulgação da lei 10.639/03, que inclui no currículo nacional o ensino da história da África e afro-brasileiras. Com base nestas reflexões e no conceito de “Outridade” (Kilomba, 2019), o trabalho parte para a leitura comentada de relatos de violências sofridas por crianças em ambientes educacionais para, por fim, analisar três livros com personagens negras lançados no país na década de 2010: Meu Black é de Rainha (hooks, 2018), O cabelo de Cora (Câmara, 2013) e O mundo no black power de Tayó (Oliveira, 2013).
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