AS CONTRADIÇÕES PRESENTES NAS REINVIDICAÇÕES DO MOVIMENTO POR UMA EDUCAÇÃO DO CAMPO E A PEDAGOGIA HISTÓRICO-CRÍTICA
DOI:
https://doi.org/10.5216/rir.v2i13.22326Keywords:
Educação do campo. Pedagogia histórico-crítica. Movimentos sociais.Abstract
RESUMO: Neste texto, pretendemos esboçar algumas considerações sobre a pedagogia histórico-crítica e, a partir dela, realizar discussões acerca da reivindicação do Movimento “por uma educação do campo”, investigando suas contradições frente à escola única. Iniciamos o trabalho em busca da compreensão da pedagogia histórico-crítica e suas diferenças em relação às teorias que a precederam. A partir da percepção de que a pedagogia histórico-crítica busca entender a questão educacional a partir do desenvolvimento histórico objetivo e oferecer aos homens, sejam eles do campo ou da cidade, uma educação que lhes permita compreender a situação de dominação a que são sujeitados pelo capital. Debatemos aqui as reivindicações dos movimentos sociais, dentre eles o MST e do Movimento por uma Educação do Campo, identificada com os homens que habitam este meio. Uma pedagogia crítica só poderá surgir em meio aos dominados, portanto, espera-se que a educação ambicionada por um movimento social do campo, como o MST esteja alinhada com esta teoria, contudo, ao observarmos a educação pretendida por estes Movimentos percebemos que, embora suas reivindicações por educação sejam autênticas, ao almejarem uma educação que considere as inúmeras especificidades dos diferentes indivíduos que formam o campo brasileiro, acabam rendendo-se ao interesse do capital, que é restringir o acesso das camadas populares aos conhecimentos gerais produzidos historicamente pelo homem e aos saberes desinteressados que lhes permitirão exercer funções técnicas ou intelectuais. Desta maneira, podemos concluir, sob a luz da pedagogia histórico-crítica, que os mecanismos de manutenção da ordem social imposta pelo capital, dentre eles a educação, cooptam os interesses do Movimento por uma Educação do Campo, fazendo com que eles inconscientemente reivindiquem uma educação que colabora para a perpetuação da ordem social vigente e manutenção da divisão social em classes.
Downloads
References
REFERÊNCIAS
BEZERRA, Maria Cristina dos Santos; BEZERRA NETO, Luiz. Aspectos da educação rural no Brasil, frente aos desafios educacionais propostos pelo MST. Revista HISTEDBR on-line. Campinas, n.23, jun./ 2007. p. 130-143.
BEZERRA NETO, Luiz. Educação do campo ou educação no campo? Revista HISTEDBR On-line, Campinas, n. 38, p. 150-168, jun./2010. Disponível em: <http://www.histedbr.fae.unicamp.br/revista/edicoes/38/index.html>. Acesso em: 10 jan. 2011.
CALDART, Roseli Salete. Educação em movimento: formação de educadoras e educadores no MST. Petrópolis, RJ: Vozes, 1997. 180 p.
GRAMSCI, Antonio. A organização da Escola e da Cultura. In: Os Intelectuais e a Organização da Cultura. Tradução: Carlos Nelson Coutinho. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1968. p. 117- 139. Coleção Perspectivas do homem, v. 48, Série Filosofia.
KOLLING, Edgar Jorge; NÉRY, Israel José; MOLINA, Mônica Castagna. Por uma educação básica do campo. Brasília: Fundação Universidade de Brasília, 1999. vol. 1. 95p.
SAVIANI, Dermeval. Trabalho e Educação: fundamentos ontológicos e históricos. Revista Brasileira de Educação. vol. 12, n. 34. jan./abr. 2007. p. 152-165.
SAVIANI, Dermeval. Pedagogia Histórico-Crítica: primeiras aproximações. 7. ed. Campinas, SP: Autores Associados, 2000. 121p. (Coleção polêmicas do nosso tempo, v. 40).
SAVIANI, Dermeval. Escola e Democracia: teorias da educação, curvatura da vara, onze teses sobre educação e política. 13. ed. Campinas, SP: Cortez Editora/ Autores Associados, 1986. 96 p. (Coleção polêmicas do nosso tempo, v. 5).
Downloads
Published
How to Cite
Issue
Section
License
Os artigos encaminhados para publição na revista ITINERARIUS REFLECTIONIS deverão ser originais e não publicados ou propostos para tal fim em outra revista. Aceitam-se artigos escritos em Português, Espanhol e Inglês. A revista ITINERARIUS REFLECTIONIS se reserva o direito de efetuar, nos originais, alterações de ordem normativa, ortográfica e gramatical, com vistas a manter o padrão culto da língua, respeitando, porém, o estilo dos autores. As provas finais não serão enviadas aos autores. Texto sobre Copyright do conteúdo da Revista.