Avaliações externas e a qualidade do ensino brasileiro
DOI:
https://doi.org/10.5216/rir.v15i2.55089Resumo
Nas últimas décadas, as políticas de avaliação têm assumido papel importante nas reformas educativas e, pela forma como vêm sendo compreendidas e aplicadas nas instituições escolares, geram impactos negativos no processo de ensino. Há supervalorização das avaliações em larga escala que se pautam em meritocracia, classificação, seleção e competitividade e resultam na perda de autonomia do professor. Responsabilizam-se os professores e as escolas pelos resultados obtidos, eximindo-se os estados de seus compromissos com a educação e induzindo o currículo. Além de serem limitados e contraditórios, os instrumentos adotados não conseguem avaliar o processo em sua totalidade. A partir dessas constatações, este estudo tem por objetivo desenvolver, a partir de pesquisa bibliográfica, uma abordagem teórica explicativa sobre a qualidade da educação brasileira na perspectiva das avaliações em larga escala, sob o ponto de vista de alguns pesquisadores do campo da avaliação. Concluímos que os métodos avaliativos centrados nas avaliações em larga escala continuam a oferecer uma educação empobrecida, pautada na memorização e no treinamento dos alunos.
Palavras-chave: Educação. Avaliações externas. Qualidade do ensino.
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