CONHECIMENTOS MARGINAIS, FRONTEIRAS E ESTABILIDADE: Diversidade sexual e de gênero no ensino da arte
DOI :
https://doi.org/10.5216/rir.v13i2.45164Mots-clés :
Ensino da arte, Diversidade Sexual, Estudos de gênero.Résumé
Desde o final da década de 1990, quando os Parâmetros Curriculares Nacionais para os Temas Transversais de Orientação Sexual foram publicados, as questões de gênero e sexualidade figuram enquanto temas obrigatórios da Educação Básica brasileira. No mesmo período, a arte passou a ser reconhecida como “área de conhecimento” na LDBEN 9.394/96. Neste artigo, parte-se da percepção que, na educação formal, há processos de hierarquização e marginalização que acometem temas e, por vezes, campos de conhecimento. A partir de Louro (2015), defende-se a noção de “fronteira” como lugar de inteligibilidade em que sujeitos devem ser pensados, lugar de encontro, de subversão, de mudança. Compreendendo estas fronteiras enquanto questões epistemológicas, os campos articulados nesta pesquisa – educação, arte, ensino da arte, estudos de gênero, sexualidade – são desnaturalizados, desestabilizados, desessencializados, com o intuito de perceber como determinados grupos (de pessoas e de conhecimentos), têm sido abordados enquanto sujeitos do conhecimento no paradigma científico dominante: o das ciências naturais. Enfocando o ensino da arte e, mais especificamente, das Artes Visuais, o artigo aborda o caráter marginal desta disciplina na escola brasileira, com Nogueira (2008). Em seguida, a partir do conceito de campo científico, de Bourdieu (1997) e de autores e autoras do campo da Arte, trata-se das formas como este se constituiu, para, depois, compreender como determinadas fronteiras foram sendo visitadas, atravessadas, especialmente em obras, objetos e ações da arte contemporânea. Na seção seguinte, a partir de Loponte (2002) e Dias (2006) e suas pesquisas que articulam estudos de gênero e sexualidade ao ensino da arte, falamos de “pedagogias” exercitadas na escola, a partir de determinadas visões sobre os objetos desta pesquisa. Por fim, com Goodson (1997), e sua noção de padrão de estabilidade nos currículos, expomos a prática do “formalismo” enquanto estruturante de práticas pedagógicas, “elemento de estabilidade”, no campo do ensino da arte, nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental como um dos possíveis obstáculos para que conhecimentos relacionados às questões de gênero e sexualidade, dentre outras, possam vir a “povoar” o ensino da arte, na educação formal brasileira.
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