CONCEPÇÕES DE INTER-RELAÇÕES CIÊNCIA-TECNOLOGIA-SOCIEDADE NA TEMÁTICA MATRIZ ENERGÉTICA: UM ESTUDO COM LICENCIANDOS EM FÍSICA [doi] 10.5216/rir.v11i2.38070
DOI:
https://doi.org/10.5216/rir.v11i2.38070Abstract
Este estudo, de cunho qualitativo interpretativo (MOREIRA, 2011), apresenta e discute uma alternativa teórico-metodológica de análise de concepções de inter-relações Ciência-Tecnologia-Sociedade (CTS) na temática matriz energética, em enunciações de estudantes do segundo período do curso de licenciatura em Física de uma universidade pública do sudoeste goiano. A parte empírica da pesquisa contemplou a aplicação de questionário, discussão em aula e produção de texto por parte dos sujeitos participantes. Os dados foram construídos, no segundo semestre de 2014, no campo de uma investigação mais ampla sobre práticas pedagógicas de educação CTS na formação de professores, inserida no grupo de pesquisa Educação Científica e Cidadania da Universidade de Brasília. Identificamos que embora haja certo fatalismo quanto às apostas futuras da matriz energética nacional pautada, principalmente, no petróleo e na geração hidrelétrica, há aspirações pela transição para outras fontes renováveis (como solar e eólica). Em nenhum momento constatamos algum tipo de correlação, por parte dos estudantes, entre problemática energética e atual modelo de produção e consumo de bens materiais, alimentado por determinada matriz, que se ancora na obsolescência programada e no consumismo desenfreado. Em nosso entendimento, é bastante pertinente repensar a matriz energética, no sentido de buscar fontes que sejam mais “limpas” e renováveis. Contudo, só isso não basta, pois não haveria, dentro do modelo socioeconômico vigente, recursos suficientes para atender à crescente demanda de energia degradada. Diante disso, sentimos a necessidade de mais investimentos na exploração dessa temática na formação de professores, não apenas pela carência de conhecimentos sobre diferentes fontes e seus impactos (positivos e negativos), mas principalmente para se avançar em processos formativos que viabilizem desenvolver concepções mais críticas das inter-relações CTS, no sentido de reconhecer como tudo isso se articula à busca por outro modelo de desenvolvimento que se serve de uma nova matriz e ponha em xeque o mito de “progresso infinito”.
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