A escuta do sofrimento de sujeitos marginalizados através do plantão psicológico: relato de experiência

Autores

  • Érico Douglas Vieira Universidade Federal de Goiás - Regional Jataí

DOI:

https://doi.org/10.5216/rir.v15i1.53968

Resumo

Este artigo busca relatar a experiência de um projeto de extensão que se insere na preocupação com a questão da desigualdade social brasileira. Atendimentos psicológicos do tipo Plantão Psicológico são oferecidos para sujeitos marginalizados. Este projeto de extensão possui um questionamento sobre as estratégias clínicas necessárias para guiar o psicólogo no contato com tipos de sofrimento frutos de desigualdades e exclusão social. O relato se divide em três grandes temas: (1) Os tipos de procura pelo plantão, (2) Os fatores facilitadores dos atendimentos e (3) Dificuldades e bloqueios enfrentados durante as escutas clínicas. Constatou-se a complexidade do fazer clínico que convoca o terapeuta a estar presente com seu corpo e seus afetos no encontro com o imprevisível que a alteridade traz.Na prática clínica com sujeitos marginalizados é fundamental a instauração de um campo afetivo em que eles se sintam percebidos com pessoas dignas e que recebam reconhecimento por suas habilidades, por suas histórias e pelas suas potências. Talvez outros conceitos sobre clínica psicológica possam ser construídos para a elaboração de novos fatores terapêuticos diferentes dos fatores herdados da psicoterapia processual, exercida com segmentos sociais que estão menos expostos à situações de humilhação e discriminação.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Érico Douglas Vieira, Universidade Federal de Goiás - Regional Jataí

Psicólogo, Psicodramatista, Mestre em Psicologia, Doutor em Psicologia. Professor Adjunto II do Curso de Psicologia da Universidade Federal de Goiás – Regional Jataí.

Referências

BRESCHIGLIARI, J. O. e JAFELICE, G. T. Plantão Psicológico: Ficções e Reflexões. Psicologia: Ciência e Profissão, vol. 35, n. 1, p. 225-237, 2015.

CONTRO, L. Nos jardins do Psicodrama: entre o individual e o coletivo contemporâneo. Campinas, Editora Alínea, 2004.

Contro, L. Psicossociologia crítica: a intervenção psicodramática. Curitiba, Editora CRV, 2011.

CUKIER, R. Psicodrama Bipessoal. Sua técnica, seu terapeuta e seu paciente. São Paulo: Àgora, 1992.

DELFIN, L.; ALMEIDA, L. A. M. de; IMBRIZI, J. M. A rua como palco: arte e (in)visibilidade social. Psicologia & Sociedade, vol. 29, n. , p. 1-10, 2017.

DUTRA, E. Considerações sobre as significações da psicologia clínica na contemporaneidade. Estudos de Psicologia, Natal: v. 9, n. 2, p. 381-387, 2004.

FURIGO, R. C. P. L. (2006). Plantão Psicológico: uma análise da contribuição junguiana para a atenção psicológica na área da saúde. Dissertação de Mestrado, Programa de Pós Graduação em Psicologia, Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Campinas.

FURIGO, R. C. P. L et. al. Plantão Psicológico: uma prática que se consolida. Boletim de Psicologia, vol. 58, n. 129, p. 185-192, 2008.

HUNING, S. M e GUARESCHI, N. F. Problematizações das práticas psi: articulações com o pensamento foucaultiano, Athenea Digital, Barcelona: vol. 8, n. 1, p. 95-108, 2005.

LEMMENS, F., RIDDER, D. De, & LIESHOUT, P. Van. (1994). The Integration of Psychotherapy : Goal or Utopia ?, Journal of Contemporary Psychotherapy, vol. 24, n. 4, p. 245–257, 1994.

MAHFOUD, M. (Org). Plantão Psicológico: novos horizontes. São Paulo: Companhia Ilimitada., 2012.

MORENO, J. L. Psicodrama. São Paulo: Cultrix, 1975.

PAPARELLI, R. B. e NOGUEIRA-MARTINS, M. C. F. Psicólogos em formação: vivências e demandas em plantão psicológico. Psicologia: ciência e profissão, vol. 27, n. 1, p. 64-79, 2007.

PAULON, S. M. e ROMAGNOLI, R. C. Quando a Vulnerabilidade se faz Potência. Interação em Psicologia, v. 22, n. 1, 2018. No prelo.

PERCHES, T. H. .P, e CURY, V. E. Plantão psicológico em hospital e o processo de

mudança psicológica. Psicologia: Teoria e Pesquisa, vol. 29, n.3, p. 313-320, 2013.

REBOUCAS, M. S. S e DUTRA, E. Plantão psicológico: uma prática clínica da contemporaneidade. Revista da Abordagem Gestáltica, v. 16, n. 1, p. 19-28, 2010 .

SAWAIA, B. As artimanhas da exclusão: análise psicossocial e ética da desigualdade social. Petrópolis: Vozes, 2011.

SILVA, R. B e CARVALHAES, F. F. Psicologia e Políticas Públicas: impasses e reinvenções. Psicologia e Sociedade, vol. 28, n. 2, p. 247-256, 2016.

SOUZA, J. A elite do atraso: da escravidão à Lava Jato. Rio de Janeiro: Leya, 2017.

STILES, W. B., SHAPIRO, D. e ELLIOT, R. (1986). Are all psychotherapies equivalent? The American psychologist, vol. 41, n. 2, p. 165–80, 1986.

StTRICKER, G. e GOLD, J. Assimilative Psychodinamic Psychoterapy. In J. C. Norcross & M. R. Goldfried (Eds), Handbook of psychotherapy integration (2nd ed.) (p. 221-240). Oxford series in clinical psychology, New York, NY, US: Oxford University Press, 2005.

VIEIRA, E. M. e BORIS, G. D. J. B. O plantão psicológico como possibilidade de interlocução da psicologia clínica com as políticas públicas. Estudos e Pesquisas em Psicologia, vol. 12, n. 3, p. 883-896, 2012.

ZIMERMAN, D. Como trabalhamos com grupos. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.

Downloads

Publicado

2019-01-12

Como Citar

VIEIRA, Érico Douglas. A escuta do sofrimento de sujeitos marginalizados através do plantão psicológico: relato de experiência. Itinerarius Reflectionis, Goiânia, v. 15, n. 1, p. 01–20, 2019. DOI: 10.5216/rir.v15i1.53968. Disponível em: https://revistasufj.emnuvens.com.br/rir/article/view/53968. Acesso em: 19 set. 2024.

Edição

Seção

Artigos Livres