POSIÇÕES ASSUMIDAS DURANTE O PARTO NORMAL: percepção de puérperas atendidas numa maternidade de jataí-Goiás
DOI:
https://doi.org/10.5216/rir.v14i4.54977Palavras-chave:
Enfermagem obstétrica, Humanização do parto, Posições no parto normal.Resumo
Historicamente, o parto era um ritual realizado pela parteira ou outra mulher de confiança e envolvia toda a família e contexto sociocultural da gestante. Porém, após a Segunda Guerra Mundial, esse processo fisiológico foi institucionalizado com justificativa de reduzir as altas taxas de mortalidade materna e infantil. O parto deixou de ser um evento fisiológico e social, assistido pela família, para se tornar um momento no qual os profissionais de saúde assumem o controle de todas as ações do pré-parto e parto, minimizando o protagonismo e a autonomia da mulher, induzindo-a a parir em posição horizontal, que facilita a realização de procedimentos médicos. A Organização Mundial de Saúde reconhece os benefícios das posições verticais no trabalho de parto e recomenda que as mulheres sejam estimuladas e encorajadas a assumir a posição que desejarem no decorrer do parto, cabendo à equipe de saúde estar preparada para prestar o cuidado na posição escolhida. Buscando contribuir nesse cenário, este estudo teve como objetivo principal analisar a percepção de puérperas quanto às posições corporais assumidas durante o trabalho de parto normal, considerando os estágios de dilatação (1º estágio) e de expulsão (2º estágio). Trata-se de uma pesquisa de caráter qualitativo, realizada numa maternidade do município de Jataí-GO, cuja coleta de dados ocorreu no período de junho a agosto de 2017, tendo como participantes 14 puérperas, que aceitaram ser entrevistadas e assinaram o TCLE após esclarecimento. Os dados foram analisados à luz da técnica de análise de conteúdo de Bardin. Os dados encontrados desvelam a insuficiência das informações fornecidas à mulher durante o pré-natal e o parto. São diversas as posições que as mulheres podem assumir durante todo o trabalho de parto, porém essa pluralidade não é do conhecimento delas. Todas as participantes do estudo pariram em posição litotômica e poucas delas assumiram posições verticais no período de dilatação. As que adotaram essas posições justificaram alívio da dor, mas não foram informadas sobre benefícios e ou contraindicações de cada posição. É preciso desmistificar a ideia de que os profissionais de saúde são os protagonistas do trabalho de parto.Downloads
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