GÊNERO ARTIGO DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA: UMA POSSSIBILIDADE DE ABORDAGEM INTERDISCIPLINAR
DOI:
https://doi.org/10.5216/rir.v12i1.37109Palavras-chave:
Ciência-Tecnologia-Sociedade, artigo de divulgação científica, ensino médio.Resumo
Esta pesquisa procura defender a inserção do gênero Artigo de Divulgação Científica no currículo do Ensino Médio como forma de trabalho interdisciplinar que promova o ensino-aprendizagem de leitura e escrita, assim como de Ciência Tecnologia e Sociedade. Essa proposta está de acordo com os propósitos do atual Plano Nacional da Educação e com o Currículo Referência de Educação do Estado de Goiás, já que aquele prevê a preparação para a cidadania, o trabalho e a continuação dos estudos; e este defende o estudo de gêneros, embora não insira o Artigo de Divulgação Científica em seu rol de gêneros a ser trabalhados no Ensino Médio. O ensino de ciência, na perspectiva interdisciplinar com o ensino de língua portuguesa, pode descortinar véus e preparar o educando para o enfrentamento de questões variadas. Ao familiarizar-se com a divulgação científica o educando poderá inteirar-se dos riscos, e sopesar as vantagens, que envolvem o desenvolvimento científico-tecnológico. Não basta conhecer, a sociedade necessita compreender que os avanços podem ser avaliados e, consequentemente, aprovados ou refutados. A sugestão que aqui se apresenta parte de um trabalho de revisão bibliográfica e propõem um ensino de ciência e tecnologia vinculado a questões sociais que procurem formar cidadãos críticos. Os apontamentos elencados sugerem que por intermédio do trabalho com esse gênero é possível tratar de temas complexos, amparados por um suporte teórico relativamente mais rigoroso do que os textos convencionalmente utilizados neste nível de ensino. Mas esse trabalho requer, dos professores envolvidos, a habilidade de não se limitar aquilo que está posto no texto, de maneira a entrelaçar saberes e proporcionar a formação de leitores críticos, capazes de compreender o intuito sócio-histórico-cultural e ideológico, presente nos textos selecionados.
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Referências
Segundo Bazzo (1998, p. 142) "É inegável a contribuição que a ciência e a tecnologia trouxeram nos últimos anos. Porém, apesar desta constatação, não podemos confiar excessivamente nelas, tornando-nos cegos pelo conforto que nos proporcionam cotidianamente seus aparatos e dispositivos técnicos. Isso pode resultar perigoso porque, nesta anestesia que o deslumbramento da modernidade tecnológica nos oferece, podemos nos esquecer que a ciência e a tecnologia incorporam questões sociais, éticas e políticas."
Bazzo (1998, p. 145) afirma que “vivemos na crença de que a ciência se traduz em tecnologia, a tecnologia modifica a indústria e a indústria regula o mercado para produzir o bem social”.
Bezerra (2005, p. 216) defende que “(...) favorece a aprendizagem da escuta, leitura e escrita de textos diversos, com funções específicas” o que proporcionará “o uso efetivo do texto por parte de seus alunos, abrindo-lhes oportunidade de se desenvolverem como cidadãos de uma sociedade letrada. Assim, a leitura e a escrita não serão apenas práticas escolarizadas”.
Carvalho (2006, p 33) considera que “não há como fugir do universo da linguagem como meio necessário para a produção de sentido, e instância onde se legitima a ação. Uma vez lançados num mundo que não se funda em verdades naturais ou essenciais, estamos no domínio das interpretações”.
Bakhtin (2003, p. 262) os considera “‘tipos relativamente estáveis’ de enunciados que se elaboram no interior de cada atividade humana”.
Marcuschi (2005, p. 21) ressalta que "Suponhamos o caso de um determinado texto que aparece numa revista científica e constitui um gênero denominado “artigo científico”; imaginem agora o mesmo texto publicado num jornal diário e então ele seria um “artigo de divulgação científica”. É claro que há distinções bastante claras aos dois gêneros, mas para a comunidade científica, sob o ponto de vista de suas classificações, um trabalho publicado numa revista científica ou num jornal diário não tem a mesma classificação na hierarquia de valores da produção científica, embora seja o mesmo texto."
Marcuschi (2005, p. 35) sugere “pôr na mão do aluno um jornal diário ou uma revista semanal com a seguinte tarefa: identifique os gêneros textuais aqui presentes e diga quais são as suas características centrais em termos de conteúdo, composição, estilo, nível linguístico e propósitos”.
Terrazan apud Martins (2004, p. 96) “uma maior valorização do professor no que diz respeito a sua prática profissional e na segurança de discutir determinados assuntos em sala de aula”.
"Esse documento apresenta os conteúdos mínimos necessários a serem trabalhados em cada bimestre. Assim, é importante que o(a) professor(a) verifique a possibilidade de introduzir novos conteúdos e expectativas de aprendizagem, selecionando outros gêneros a fim de ampliar os conhecimentos dos estudantes no decorrer dos bimestres, em cada ano/série, durante o ano letivo." (GOIÁS, p.15)
(...) a supremacia do conhecimento fragmentado de acordo com as disciplinas impede frequentemente de operar o vínculo entre as partes e a totalidade, e deve ser substituído por um modo de conhecimento capaz de apreender os objetos em seu contexto, sua complexidade, seu conjunto (MORIM, 2002, p.14).
E, para que esse trabalho seja efetuado da melhor maneira possível, é oportuno ressaltar a importância da sequência didática, que, conforme Dolz e Schneuwly (2004, p. 97), trata-se de “um conjunto de atividades escolares organizadas de maneira sistemática, em torno de um gênero textual (oral ou escrito)”.
Fourez (1995, p. 190), “jamaisevitaremos de ser por vezes enganados pelas ideologias por nós veiculadas”.
"(...) o Ensino Médio destacará a educação tecnológica, a compreensão do significado da ciência, das letras e das artes; o processo histórico de transformação da sociedade e da cultura; a língua portuguesa como instrumento de comunicação, acesso ao conhecimento e exercício da cidadania. "(BRASIL, 1996)
"[...] institucionalizar programa nacional de renovação do ensino médio, a fim de incentivar práticas pedagógicas com abordagens interdisciplinares estruturadas pela relação entre teoria e prática, por meio de currículos escolares que organizem, de maneira flexível e diversificada, conteúdos obrigatórios e eletivos articulados em dimensões como ciência, trabalho, linguagens, tecnologia, cultura e esporte." (BRASIL, 2014, p.22).
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