FLUXOS HÍDRICOS NA MICROBACIA DO CÓRREGO DO QUEIXADA NO MUNICÍPIO DE JATAÍ (GO)?
Resumo
O diagnóstico do fluxo hidrológico e da interceptação da chuva pela vegetação justifica-se pela necessidade de conhecimento da influência destes elementos em bacias hidrográficas, pois a vegetação e o uso adequado da terra são os responsáveis pela manutenção da qualidade das vertentes, evitando-se a erosão, a perdas de solos, o assoreamento dos cursos d’água e induz a manutenção das reservas de água subterrânea. Este trabalho foi um estudo piloto que obteve dados dos componentes do sistema hidrológico da microbacia do córrego do Queixada (MHQ), tributária do Rio Claro, representada na carta SE-22 de Jataí (GO), no quadrante compreendido pelas coordenadas UTM: E 419124.99 m, N 8028060.83 m, E 423105.19 m e N 8021056.99 m. A MHQ foi mapeada em seus aspectos de uso e ocupação da terra através de imagens de satélites dos anos de 2007/2008 (Google Earth) e por meio de uma fotografia aérea vertical pancromática do ano de 1965 (Força Aérea Americana - USAF). Instalou-se equipamentos específicos em uma mata de encosta da MHQ para a coleta de dados de precipitação total, de precipitação interna e de precipitação efetiva, obtendo-se os dados de interceptação da chuva pela vegetação e da abstração inicial. Foram instalados pluviômetros em pontos predefinidos da MHQ para a coleta de dados da precipitação total. Mediu-se mensalmente a vazão na foz do curso principal da MHQ para a obtenção dos dados de vazão média. Os dados necessários para os cálculos de evapotranspiração foram obtidos na Estação Meteorológica de Jataí do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET). A evapotrans-piração real (ETR) foi obtida por meio da equação de Penman (TUCCI; BELTRAME, 2009). A recarga d?água subterrânea e o escoamento superficial para os usos da terra de 2007/2008 e de 1965 foram determinados através do método de Palmer (1965) apud Alley (1984). O arma-zenamento de água (S) foi determinado pelo método CN (curve number - Soil Conservation Service “SCS”), adotando-se para os usos considerados os seguintes valores de CN: capoeira - 71; cascalheira - 86; lavoura - 71; mata - 70; pastagem - 70; urbano - 90. Os dados foram ma-nipulados por meio dos softwares Excel e Surfer. Verificou-se que as partições pluviométricas (precipitação interna, precipitação efetiva, interceptação e abstração inicial) apresentaram diferenças na análise de variância a partir da sazonalidade e, conseqüentemente, pelos volumes, intensidades das chuvas e da fitofisionomia analisada. Evidenciou-se que o maior escoamento superficial ocorreu em áreas mais impermeabilizadas, que foi o urbano, onde ocorreram as menores taxas relativas de recarga d?água subterrânea. Os menores deflúvios e as maiores taxas de recarga foram para as áreas de mata, capoeira e pastagens. Os resultados evidenciaram que a bacia perdeu 73.963.427 m³ da capacidade armazenamento de água no uso da terra de 1965 em relação ao uso apresentado em 2007/2008. Conclui-se que necessitam-se de medidas que possam preservar as áreas de recarga, pois, com o avanço da mancha urbana po-derá aumentar o escoamento superficial, reduzindo a recarga d?água subterrânea, provocando a redução do nível piezométrico, o assoreamento dos cursos d?água, processos erosivos, a morte das nascentes e dos cursos d?água, afetando todo o ecossistema. A preservação da Mata do Queixada deve ser mantida, a expansão urbana restrita e a área rural devem obedecer às determinações da legislação ambiental brasileira.
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